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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O início - Mau Presságio


MAU PRESSÁGIO      


Imagem / Reprodução Internet


As cidades crescem em todo o mundo. Com o tão desejado progresso vêm junto os vários tipos de tráfico, a prostituição, as drogas, os diversos tipos de violências. Emissoras de TVs e rádios, sites de notícias, jornais impressos, todos mostram de forma cansativa um retrato de uma realidade que cresce junto com a cidade belenense. Há alguns anos, era tudo tão calmo e pacato. O medo de sair às ruas não era o mesmo pelos motivos atuais. 


Nossa história se passa em 2009, em Belém. Nossa heroína é uma jovem chamada Rosângela Martins. Ela tem 23 anos. Possui o Ensino Médio completo e cursos básicos de Informática e Atendente comercial. Ela teve que começar a trabalhar cedo para ajudar em casa, que por sinal é alugada, onde sempre morou no bairro da Pratinha. 

Atualmente é caixa em um supermercado que fica no Centro comercial de Belém. Trabalha mais de oito horas por dia, de segunda aos sábados. Quando é escalada, tem que ir trabalhar nos feriados e domingos também. O salário quase não dá pra nada.

Não têm filhos. Apenas sonha em ter o seu lugar para morar e sair da casa dos pais. Rosângela, chamada pelas amigas e familiares de Rose, é uma mulher que chama atenção. Tem altura média, longos cabelos pretos, lisos como os de uma índia. Aliás, sua avó materna era de uma etnia indígena. Mas também possui traços negros no sangue, herança genética do pai. 

Ela tem pernas e coxas grossas. Os seus lábios carnudos chamam atenção. Seios fartos e cintura fina. Quadris largos, traços comuns do fenótipo da mulher paraense. As mãos dela estão gastas pela jornada dupla de trabalho. 

Apesar do rosto cansado, porém sempre maquiado, Rosângela chama atenção dos homens pela sua beleza sútil. Olhar distante e expressão serena ela passa a imagem de uma mulher séria. Mesmo assim, sempre recebe cantadas onde quer passa. Seja no trabalho, dos colegas ou clientes, nas ruas, enfim.

A nossa personagem seguia a sua rotina. Era assim todos os dias. Acordar, trabalhar e descansar para no outro dia recomeçar... até que em julho de 2009... 



Era sábado, dia 25. Rose acordou com um pressentimento ruim. Uma sensação esquisita. Mas a correria do dia fez com que ela esquecesse o mau presságio. Ela tinha que ir para o supermercado onde trabalhava. 

Ao retornar para casa, depois de mais um dia cansativo e estressante, tendo que aguentar cantadas indecentes e grosserias de alguns clientes, Rosângela vai para a parada de ônibus acompanhada por Carla Moraes e Marina Freitas, que trabalham na mesma empresa e pegam a mesma condução. Elas alertam Rose para ter cuidado com a bolsa:

(Carla) – Cuidado com essa tua bolsa Rose. Ela chama muita atenção. 

(Marina) – Mana, é por isso que eu coloco a minha dentro dessa sacola plástica. 

(Rose) – Pois é. Ainda hoje de manhã eu presenciei um assalto. Mas sabe meninas? Acho um absurdo a gente não ter liberdade de andar por aí tranquilas, com medo de usar as nossas próprias bolsas, um bem tão pessoal e importante pra uma mulher. Ainda mais pra gente que passa o dia fora de casa.  

(Carla) – Eu concordo amiga. Também não gosto nenhum pouco disso. Mas não podemos vacilar né mana? É só a gente e Deus. 

(Marina) – Por isso que o meu marido sempre vai me buscar na parada onde desço. Já perdi as contas de quanto fui assaltada. Ainda mais nesse mês. Pouco movimento. 

(Carla) – Quem sempre me espera é o meu irmão. Tenho que andar muito até chegar em casa e esses “malacos” não respeitam ninguém. 

(Rose) – Sorte de vocês meninas. Eu tenho só Deus e Nossa Senhora de Nazaré pra me acompanhar até em casa.

(Marina) – Bom, meninas! A minha parada é a próxima. Bom fim de semana e até segunda. 

(Rose) – Segunda estou de folga. Amanhã tenho que ir trabalhar.

(Carla) – Vixi! Entrastes na escala pra trabalhar no domingo? 

(Rose) – Pois é! A Silvia ficou doente. 

(Marina) – Já vi que essa tal de Silvia não vai durar muito lá na empresa. Ela vive doente. Beijos meninas. Tô indo nessa. Tchau!

(Carla) – Tchau!

(Rose) – Tchau!

Depois de 10 minutos é a vez de Carla se despedir. Rose está praticamente sozinha no ônibus. Ela mora depois do final da linha. Pouca gente desce na mesma parada que ela. Já são quase 23 horas da noite. Ela está exausta. O ônibus dá prego para a infelicidade da moça que tem que descer numa parada antes da sua.


CONTINUA...

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