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segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Perfil - Poeta Alex Contente

Foto de Leka Liares
Nunca sonhei em ser poeta. Escrever sempre me foi natural. Desde criança me encantava com os gibis e posso até afirmar que já era um leitor antes de aprender a ler. Adorava Mauricio de Sousa; foi natural começar a escrever e foi natural que isso evoluísse.

Eu comecei a publicar meus poemas no Facebook no final de 2011 por um incentivo de uma amiga, que pedia para eu divulgar meus trabalhos pela internet. Até então eu nem pensava nisso; o barato mesmo era escrever. Até que no final do mesmo ano, me atrevi em publicar minhas poesias no Facebook. Eis que logo depois me veio a incrível ideia: o Blog. Assim nasceu o fala-campeao.blogspot.com (o nome é meio estranho, mas sintetiza meu lado batalhador). 

Eu não sonhava em quantas pessoas iriam acessá-lo; não tinha noção disso, era tudo muito novo pra mim. Fiz como uma espécie de diário maldito, onde usasse a minha vida como matéria-prima dos textos que escrevia e publicava lá. 

E onde até hoje publico, não somente poesias mas fotos também. Alguns poetas usam a vida como matéria-prima, e era a linha que eu queria seguir - e sigo - sem me preocupar com o julgamento alheio. Até por que não eu não estou perguntando nada pra ninguém, estou apenas escrevendo. 

É claro que a facilidade do contato da pessoa que publica tanto no Face quanto no Blog está ao alcance de um dedinho para qualquer um opinar. Isso é fato, e na maioria das vezes, o covarde se utiliza do anonimato para dar 'tiros pelas costas'. Mas a opinião de outrem não me intimida. Enfim, criei o Blog e desde então me tornei um blogueiro. Sem estilo literário. E, talvez, sem público.


A POESIA

Sou poeta de parede. Nela, desenho minha arte em forma de poema. Fazer poesia faz bem à alma e é um alimento sustentador para o corpo e a mente porque vivencia palavras, que ora atraem, ora repelem, os sentimentos de quem ler. 

O fazer poético justifica a esperança que existe dentro de mim. Vejo a poesia em tudo na vida. Sua essência vem da alma (mas a alma nunca fica saturada de poesia, pelo contrário, enche-se de graça). Contemplo-a em todos os cinco sentidos de que me foi dado. Consigo tateá-la sentado em um banco de praça, senti-la em sua mais perfeita simetria quando ouço música, assim também como consigo enxergá-la claramente em uma obra-prima como a do artista Rembrandt, sinto os cheiros impregnados nos livros quando os leio, e absorvo o gosto nas leituras ao saborear uma sopinha de letrinhas. 

A poesia faz parte da vida, assim como a música e a loucura. Não posso deixar de viver sem sentir isso tudo. Que o poema seja visto e sentido pelo que ele representa. De poesia.

Teve um período em a poesia se afastou do leitor porque ficou todo o tempo poetizando o poema. Mas vejo que agora a alta linguagem excessiva largou o divã, disposto a recuperar a fluência do lirismo. A função da poesia é dar prazer, flui na minha alma como ato de limpeza íntima. Sou apaixonado pelo ato de escrever poesias! Quando não escrevo nada, sinto gagueira absoluta.

Só não consigo entender que existam poetas que brigam por uma realeza, tentando ser um sucessor de Carlos Drummond, Fernando Pessoa e Mário Quintana. Na poesia, ninguém se julga eterno. Nem mesmo os imortais, uma vez que eles também morrem.

E o mais legal de ser poeta é quando você descobre que não só as palavras podem ser lapidadas mas os sentimentos também, pois o ato poético dignifica o estado mental das emoções, das saudades e dos amores.

Eu decido escrever com liberdade tudo o que me vem à cabeça. Poesia não precisa de palco, quando quer nasce no boteco, surge de dentro do papo e pousa no papel do guardanapo. De tal maneira a sonhar. Assim são feitas as poesias e eu as vejo assim: possuem um magnetismo especial; libertam, acalentam, invocam as emoções; possuem a capacidade de, em poucos minutos, cruzar mares, saltar montanhas, atravessar desertos intocáveis. 

Muitas vezes perde-se o autor, mas a mensagem sobrevive ao tempo, atravessando séculos e gerações. Elas marcam um momento que será eternamente revivido por todos aqueles que entrarem em contato. Uma dor que o corpo sente e que a alma engole. A Bíblia - só para citar, é um livro riquíssimo escrito todo poeticamente - é uma obra-prima interligada por capítulos versificados. É o único livro que possui um vasto teor poético maravilhoso do começo ao fim.

Já plantei árvore, mas ainda não lancei um livro com todos os meus poemas reunidos. Mas já tenho até um título para esse desígnio: Acertar as contas com Deus. Sim, faz sentido. Minha religião é a poesia. Pareço louco? Então, não tem jeito, pois este é o meu manifesto poético...


A POESIA E AS REDES SOCIAIS
Como poeta, uso as redes sociais para buscar novos caminhos para interagir com público e aumentar o alcance da minha produção poética. Mas sei que todo cuidado é pouco durante as postagens, porque sendo um mecanismo virtual acabo não tendo pouso em nenhum contentamento, e também como não sou um sujeito conhecido isso me faz sentir um estranho dentro de mim mesmo, mas sem querer encontrar terra prometida. Apenas divulgo minha poesia errante de cada dia. E agrado bastante as pessoas. Só não domino todos os processos antagônicos que envolvem a utilização da ferramenta.

O surgimento das redes socais surgiram num bom momento. Eu vejo pelo lado positivo, porque aproxima o poeta do leitor, aquele que realmente gosta de poesia, e se identifica por igual, juntamente com o poema. Eu, por exemplo, publico maçicamente minhas poesias pelo Facebook, com quem nutro um amor e ódio. Mas amor do que ódio. E também porque posso compartilhar meus poemas com amigos poetas e leitores pelo Brasil afora; desde Marabá à Ponta de Pedras ao Rio de Janeiro a Bahia, e, quiçá, até nos Estados Unidos. 

Cria-se um laço espontâneo entre o público-alvo. O trabalho pode ser árduo como outro qualquer, mas no final há uma fonte que sacia a sede, que recompensa. Através deste espaço solidário já fiz várias amizades e contatos com pessoas do ramo. São novos caminhos, mas sem confessionalismo e chantagens, apenas abrindo as artérias do cotidiano. Nada mais. Ninguém precisa passar por cima de ninguém. Há espaço para todos, dos conhecidos aos iniciantes.

O PLÁGIO
A síndrome do copia e cola é outro sintoma alarmante, mas no meu caso, eu tenho (quase) tudo escrito à mão, e datado. Possuo um Blog, que chamo carinhosamente de diário maldito, onde tudo o que quero dizer está soterrado lá, desde a minha estreia. Então, não preocupo quanto a isso. 

Agora, se o plágio vier acontecer vou encarar no tratamento direto com a paridade dos ombros - simplesmente aceitarei desafio que em, contrapartida, será uma arma que me salvará dos pseudopoetas ladrões de letras, àqueles que se prevalecem do 'vale-tudo' virtual. 

Eu não tomo muito cuidado; deixo a minha alma encarregada de atazanar a vida do impostor, que, certamente, terá um desdobramento por justa causa: apropriar-se indevidamente da produtividade dos incautos é um pecado sem originalidade. E gostar de gastar o próprio nome para se aliviar do próprio juízo.

Tenho dezenas de “curtidas” e compartilhamentos, mas não me empolgo com a inquietação no perfil de uma rede social. Assim como eu, tantos outros poetas se apropriam das possibilidades da internet para a leitura tão somente da poesia. Os novos tempos estão dando mais rapidez e alternativas para que tenhamos essa praticidade. A internet é um meio muito melhor e mais adaptável - digo no sentido preguiçoso do termo - pois posso ler poesias simplesmente deitado.

Por outro lado, as dificuldades de ter um livro publicado no mercado editorial é tão grande (e as editoras fazem tantas exigências que nem sei dizer se é viável) que dá vontade, cada vez mais, de ganhar as ruas e descobrir pari passu os caminhos para a divulgação. E sonho mais longe: precisa-se popularizar os desejos de se ter um livro registrado. Afinal, todos nós somos consumidores de arte. Portanto.

Embora a internet me ajude a dar visibilidade no que faço ainda sei que preciso conquistar o público para se consagrar como poeta, porque a poesia tem características muitas vezes difíceis de serem feitas até mesmo por quem estuda Letras. É uma didática difícil; contudo, não pretendo agradar um público sofisticado. Assim também como não perco meu tempo devotando futilidades nos meios virtuais. Acredito que é o mais importante é escrever, expressar. Lê quem quer. E viva a poesia!

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