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domingo, 1 de fevereiro de 2015

O Poeta e a blogosfera: Rodolpho Moraes

A internet à favor da difusão das obras literárias

Foto: Arquivo pessoal

Com o advento das novas tecnologias compartilhar é a palavra chave. Com a internet, a arte, agora é mais difundida. E se antes a leitura de obras literárias era restrita para quem não tinha acesso a uma biblioteca pública ou para quem tivesse condições financeiras de adquirir um livro, hoje, com as novas mídias sociais, só não lê quem não quer. E foi aproveitando os recursos de compartilhamento da blogosfera, que o poeta paraense Rodolpho Moraes resolveu criar o seu próprio domínio na net. Ele é um poeta blogueiro. 


Rodolpho Moraes escreve desde a infância. Seu maior incentivo foi a avó Dora. Ela o presenteava com poesias escritas em pequenos pedaços de madeiras. “Essa influência de minha avó foi fundamental para todo esse processo poético da minha vida, pois pouquíssimas pessoas sabem da importância desses presentes para mim. Eu simplesmente achava belo a capacidade dela de ser simples e profunda, e ao mesmo tempo, delicadíssima com seus sentimentos. Além disso, meus pais sempre foram e são inspiradores. Tiveram o cuidado de me apresentar filmes, livros, músicas, artes em geral que, sem sombra de dúvidas, me levaram a ter essa vontade de fazer arte, de ser arte”, revela. 


Já na vida adulta, quem deu o pontapé inicial para a carreira do poeta, inclusive incentivando-o a criar um blog, foi o também poeta, escritor e jornalista Ronaldo Franco. “Ele é o meu ‘manoamigo’. Foi o Ronaldo Franco que me alfabetizou e incentivou a publicar minhas composições. O Ronaldo foi o cara que, com seu jeito peculiar de ser, tal como um pai, me encorajou e me chamou de poeta pela primeira vez. Ele apresentou para mim autores, versos, prosas, vídeos e acima de tudo caminhos pelos quais eu poderia crescer poéticamente. Ele me mostrou a importância de lapidar meus próprios versos e a compreender que a poesia é um processo livre da alma”. 


Foi em 2011 que o poeta criou o seu blog. Ele enxergou, através do exemplo do site do amigo Ronaldo Franco, a força que tem a internet para quem expressa os seus sentimentos por meio da escrita. “O bacana desse história é que o Ronaldo tem mais que o dobro da minha idade e usa o mundo virtual de uma forma extraordinária. Ele é o sessentão com a cabeça mais jovem que eu conheço”. 

Para Rodolpho o retorno dos internautas é muito positivo. “Confesso que, no início, até me assustei com a rapidez desse retorno, pois a velocidade e a chance de estar no mundo inteiro tão rapidamente, me fascina e me inspira a produzir sempre mais”. 


Rodolpho acredita que, a partir do momento em que as poesias são compartilhadas, “o mundo passa a ser o dono”. “Mesmo que seja aquele mundo ínfimo, de duas, ou dez pessoas que leiam a sua obra. A autoria, essa sim, é minha, mas a composição em si, suas interpretações, seus sentimentos, suas consequências, seus limites passam a ser desse mundo, ou seja, de todos que a lêem”. 


As poesias de Rodolpho Moraes refletem tudo o ele que vive. Para o poeta elas (as poesias) são livres para existir. “Elas são atemporais para chegar e sair, são meros reflexos de mim e do que vejo, do que sinto e do que amo, do que desejo e do que odeio, são farpas da alma, são o desconexo do que ainda não compreendo e acima de tudo são o meu alívio, minha forma mais pura de relaxar e tornar-me verdadeiramente eu”, revela.


Projeto para o 1° livro será lançado em março 

Foto: arquivo pessoal
Rodolpho Moraes já tinha tentado publicar, por conta própria, o seu livro, mas mesmo tendo o projeto aprovado por três editoras em São Paulo, não gostou das propostas. “Sou contra essa história de que os direitos autorais devam ficar, na sua maior proporção, nas mãos das editoras. O direito autoral deve ser por inteiro do autor, o que não impede as editoras de obterem os seus lucros com o direito de publicação, de uso de marca e tudo mais. Por isso, quando descobri o Cronwdingfunding (financiamento coletivo) vi a possibilidade de financiar meu livro por aqueles que realmente acreditam na obra e no autor e, ao mesmo tempo, dar algo em troca por essa ajuda e por esse carinho”. 


“Quando o Rodolpho Moraes me apresentou o ‘Entrelinhas num mesmo tanto’, vi que era um projeto sensacional! Sou apaixonada por poesias e visitante assídua do blog dele, e claro, topei de cara fazer parte do projeto. Trabalho com crowdfunding desde 2011, mas sempre estive em mãos com projetos voltados para a área musical, mas será extremamente prazeroso explorar esse universo literário e poder contribuir para que sonhos de grandes autores como ele possam se tornar realidade”, ressalta a publicitária e produtora, especialista em projetos de crowdfunding, Adriana Camarão


Ela acredita que o financiamento coletivo é uma porta aberta para que demais escritores viabilizem seus livros. Adriana Camarão revela que, em março, o projeto de captar recursos para lançar - através de apoio de internautas - o primeiro livro do poeta será lançado. “O projeto ficará no site www.eupatrocino.com.br por três meses. Pôster poético ilustrado, citação nos agradecimentos do livro e exemplar autografado da obra, serão apenas algumas das recompensas fantásticas para quem contribuir. Vamos criar inúmeras possibilidades para que o público sinta-se parte da concretização deste sonho”, afirma a publicitária. 

Rodolpho Moraes adianta o que vai ter no seu primeiro livro: “ele falará de minhas entrelinhas, das entrelinhas de seus versos e das entrelinhas de todos que o lerem. É um livro de poesia livre. Livre de formatos fechados, de ideias pré concebidas, livre por e de essência. É um livro sem a preocupação de ser belo ou perfeito, mas que deseja nascer e permanecer vivo por muito tempo". 


O poeta garante que em "Entrelinhas num mesmo tanto" poderão ser encontradas poesias de vários momentos da sua fase poética. "Vão ter poesias desde o início de quando comecei a escrever, até algumas composições mais recentes”. 


O livro já está pronto há quase dois anos, contudo, para o autor ele nunca estará totalmente acabado. “Sempre há e sempre haverá o que lapidar. Isso é um fato!”. Para Rodolpho foi muito difícil selecionar as poesias que compõe a obra literária. “É complicado demais, pois existe muito conflito entre autor e obra, mas do que se possa imaginar. É algo que só quem trabalha com arte, produção em geral consegue compreender. É uma guerra interna!”, conta. 


Para o poeta viver da poesia nos dias atuais é extremante difícil. “A grande mídia urra e apóia muito mais as coisas totalmente interativas e virtuais (como se a poesia não o fosse) e que tragam lucro a curto prazo. Essa opção da mídia faz com que os incentivos à literatura se tornam cada vez mais escassos e em alguns casos inexistentes, mas nada que nos desanime e nos impeça de compor. Aliás, a composição só acaba, quando a caneta da vida seca e o papel se deteriora". 


Para muitos pode ser modéstia, porém, para Rodolpho não é a poesia que consagra um poeta e sim os seus leitores. "Ser poeta é a coisa mais difícil de ser em qualquer época, pois o ‘ser poeta’ é um título dado por quem lê a sua poesia e que ao lê-la afirma: ‘Esse cara é um poeta’. Aí sim você se torna um poeta. Por isso, nunca disse alguém que sou poeta. Nunca tive a prepotência de me presentear com esse título. Entretanto, nas entrelinhas, quando lerem minha obra, quando lerem aquilo que compus e disserem: 'Esse cara é um poeta', então, poeta eu serei!”. 





Quem é ela? *


Quem é ela?
Forte e fraca
Doce e amarga
Tranquila e brava


Meio maluca
Meio destrambelhada
Garota marota
Menina levada
Criança correndo


Mulher maquiada
Anjo discreto
Tentação de asas...


Quem é ela?
É apenas uma 
Que se encaixa
E que deixe
O amor...


Entre os dentes
De costa e de frente
Lenta e veloz
De riso aparente
Que busca sua metade
No colo mais quente...


Quem é ela?
Mulher de verdade
Minha inteira metade
Que bela se abre
Como papel de chocolate
Gostosa como tal
Delírio em várias partes...


Quem é ela?


Entorpecente lícito
Abraço de quadril
Mil e uma utilidades
Melhor que bombril
Boa de papo
Uma entre mil...

Quem é ela?
Quem
é
ela
?


(Rodolpho Moraes



Esta poesia foi musicada por Marcel Barreto: um grande e jovem músico paraense. Clique AQUI e escute a poesia na voz do cantor. *



Clique AQUI para ler mais poesias de Rodolpho Moraes.

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