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segunda-feira, 9 de maio de 2011

FILME DA SEMANA: THE CORPORATION (A Corporação)

Olá galera!


 Feito no Canadá em 2004, o “The Corporation” (A Corporação) é um filme documentário, baseado no livro “The Corporation – The pathological pursuit of profit and power” (A Corporação - A Busca patológica pelo lucro e poder), que faz uma profunda análise sobre o comportamento, partindo dos estudos psicológicos, das corporações, uma vez que em 1886, pelas leis dos EUA, elas passaram a ser tratadas juridicamente como “indivíduos”. Realizado por Joel Bakan, o escritor do livro citado acima e roteirista do filme e dirigido pelos cineastas Mark Achbar e Jennifer Abbott.


“The Corporation” foi produzido a partir de vários levantamentos de estudos de crimes cometidos por grandes corporações, de colagens de cenas de filmes B, vídeos institucionais antigos, imagens documentais e entrevistas, com um cenário de fundo negro, com acadêmicos, jornalistas, ativistas de esquerda e direita, historiadores, ambientalistas, executivos e espiões industriais.

O objetivo é de expor e mobilizar a sociedade para a violação dos direitos humanos e ambientais cometidos pelas grandes transnacionais. Além de fazer uma profunda análise do comportamento dessas instituições em relação às suas ações, como “indivíduos”, para terceiros (sociedade e meio ambiente) nos setores sociais, culturais e políticos. Ao fazer o filme documentário, os seus realizadores tiveram várias implicações, que vão desde a violação dos seus direitos trabalhistas até a censura.

As Corporações começaram a ser tratadas como “pessoas jurídicas” quando em 1886, no Condado de Santa Clara, nos Estados Unidos, a companhia Southern Pacific Railroa defendeu a ideia nos tribunais. Sem maiores explicações, o juiz responsável pelo caso declarou que as corporações, perante as leis norte americanas, poderiam ser consideradas como indivíduos.

A relação dos segmentos de poder da sociedade (mídia, política, poderes executivo, legislativo e judiciário) com as corporações são notáveis. “The Corporation” evidência essa relação promíscua, onde o que está em jogo são os interesses comerciais, o lucro.
O tratamento desumano, o desrespeito aos direitos básicos que defendem a vida tanto dos trabalhadores, quanto dos consumidores e do planeta Terra, são outros pontos abordados no filme que revela ainda, a partir de investigações históricas, os envolvimentos de grandes corporações, algumas existentes até hoje, com políticas totalitárias.

As multinacionais aproveitam-se da ausência de políticas públicas, ou seja, da falta de ação do Estado para se “aproximar” de pessoas desvalidas, que estão em situações de risco, de miséria absoluta ou pobreza. Essas pessoas acabam transformando-se em “mão de obra barata”, muitas tem direitos trabalhistas violados, outras nem sequer tem acesso à esses direitos. Crianças e mulheres trabalham em regime de escravidão, produzindo muito e ganhando valores inferiores aos serviços prestados.

Os lucros são gerados sem nenhuma espécie de culpa, mesmo com a exploração da força física e mental do trabalho, e a sensação de quê esse “trabalho oferecido” é uma “ajuda” aos que são abandonados pelos seus governantes é uma constante entre essas grandes empresas.

As corporações não vendem produtos e sim ideias, estilos de vida, tipos de comportamentos. Tentam invadir a privacidade, a “alma” do seus consumidores, mesmo que sejam crianças que ainda não tem o poder de discernir o que é útil e o que é desnecessário consumir. Embora alguns pais sabem essa distinção, porque então não conseguem dizer “não” aos caprichos de seus filhos? Os brinquedos oferecidos pelas propagandas não são apenas voltados para a diversão, tem todo um contexto, um estudo da pisques das crianças por trás. 

É difícil para um pai ou mãe ser consciente, diante de  pressões psicológicas de crianças. Para se livrar do "problema", muitas vezes é mais fácil optar pelo consumo do produto destinado ao "prazer infantil", mesmo que seja fútil e descartável a curto prazo.
O preço pago pela “felicidade” que as transnacionais oferecem aos seus consumidores é muito alto. E reflexos dessas ações estão presentes nas doenças da nova geração, da década de 80 até os dias atuais (estresses, depressão, bulimias, entre otras). Os limites  que a vaidade exercem nos corpos de jovens são exemplos disso.

Muitos adolescentes que apresentam anorexia ou utilizam drogas, como as famosas “bombas” (anabolizantes para animais de alto porte), são exemplos desse fato assustador. Busca-se, e propaga-se através das mídias e propagandas, a “perfeição”. O “ter” sobrepõe-se ao “ser”. Estudos apontam a relação do consumo exacerbado com o aumento nos índices dos vários tipos de violências (que vão deste o assalto até o bullying). Humanos viram estatísticas, meros números, nada mais do quê consumidores em potencial.

E as responsabilidades das grandes corporações com as áreas social e ambiental? Seria um fato, ou seja, essas instituições poderosas estão conscientes dos males que causam à sociedade e ao espaço no qual vivem, e do qual ironicamente dependem, ou todas essas grandes campanhas pela defesa da vida seria apenas marketing? Não é possível responder essa complexa questão de forma generalizada. Isso caberá a cada empresa responder.

Outra questão proposta pelo “The Corporation” é: seriam também psicopatas as pessoas que integram essas corporações? E aquelas ligadas, direta ou indiretamente, à essas transnacionais, seriam também doentes ao ponto de destruírem a vida, de maneira geral? Nós, enquanto comunicólogos, que compactuamos com as “anomalias” e as violações dos direitos da vida, seríamos psicopatas? Bom, caberá a cada um responder a essas questões. O que não devemos deixar de lado é o nosso papel de agentes sociais. De defensores do que é útil para a sociedade

 Vejam! Vale a pena. 

Att, Senhorita Matos.

;)

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