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sexta-feira, 29 de abril de 2011

O bom filho a casa torna - 8 anos de Cineclube Amazonas Douro

Por CineCCBEU


O bom filho a casa torna

O Cineclube Amazonas Douro retorna ao Cemitério da Soledade, onde nasceu há 8 anos, para comemorar o aniversário da entidade, com direito à leitura de poemas, conferências relâmpagos e procissão de velas pelas ruas da cidade. A intervenção acontecerá na noite da próxima segunda-feira, 2 de maio, a partir das 19 horas. A história deste cineclube se confunde com as estórias do seu criador e porque não dizer coordenador vitalício, o autodenominado carpinteiro de poesia Francisco Weyl, 47 anos, que estudou cinema no Porto e retornou a Belém com uma idéia fixa: articular poetas e realizadores amazônidas e lusíadas para partilhar teorias e práxis artísticas.
Em abril de 2003, ele organizou um Concílio (Artístico Luso-Brasileiro), com a presença do mestre de cinema da escola do Porto, Sério Fernandes, e José Mojica Marins (“Zé do Caixão”). Diversos poetas e artistas locais aderiram ao chamamento. Entre diálogos, leituras de poemas e projeções cinematográficas na Praça da República, Centro Cultural Brasil Estados Unidos, Instituto de Artes do Pará, Cine-Teatro Líbero Luxardo, Bar do Parque e Cemitério da Soledade, nasceu o Cineclube Amazonas Douro.

De imediato, ainda em abril, o Cineclube lançou um filme curta-metragem (coletivo), o “Pará Zero Zero”, que daria nome, em junho, a um projeto editoral impresso de arte e filosofia: o Amazonas Douro talvez tenha sido um dos poucos cineclubes brasileiros a ter uma revista – àquela época (2003/2004) - de arte e filosofia.
“O Amazonas Douro vai um pouquinho além da máxima de que o cineclube faz parte da cadeia mercadológica da distribuição/difusão cinematográfica, ao contrário, o projeto afirma a tríade formação/produção - realização/projeção dialógica”, esclarece.
Segundo Weyl, o cinema – arte e indústria em simultâneo - está situado numa fértil região em que as relações de poder germinam as próprias contradições: fabrica e destrói sonhos, escreve com fotogramas a
história do homem, conscientiza, ilude, diverte, reflete, propõe, aliena, dicotomiza, supera diferenças.
O cineclubista garante que nestes 8 anos, o Amazonas Douro percorreu mundo (Barcelona, Espanha; Bolonha, Itália; Porto, Portugal; Belém, Marajó, Brasil; Praia, Cabo Verde), realizou ações de intervenção
artística e social, estabeleceu a comunhão artística entre poetas e realizadores, através de encontros com projeções de filmes, exposições de fotografias, leituras de poemas e conferências artísticas e filosóficas.
“Inspirado na poética de realizadores como Antônio Reis, Pasolini, Glauber Rocha e Zé do Caixão, o Amazonas Douro afirma uma concepção estética em que a natureza filosófica restitui ao cinema o próprio estado de magia dionisíaca”, afirma.


Entre os filmes realizados pelo Amazonas Douro destacam-se:

•       “Pará Zero-Zero” (Brasil – 2003);
•       “Mazagão” (Brasil/Portugal – em produção desde 2004)
•        “Um poeta não se pega” (Brasil-Portugal – 2004)
•       “Documenta Porto” (Portugal – 2005)
•       “Meta_Fora” / “Salamandra” (Cabo Verde- 2006);
•       “A lenda da Cobra Grande” (Brasil 2009);
•       “São Sebastião de Cachoeira do Arari” (Brasil, 2010)

Polemista, entretanto, Weyl afirma que o Amazonas Douro não é um cineclube datado e nem se foca nas pessoas covardes e estúpidas que aceitam e repetem os standarts da indústria cultural, brutalizando e nivelando os homens por baixo.


Por ese motivo, ele aponta os quatro pilares do Cineclube:
1.      Aprofundar questões filosóficas que resgatam e radicalizam a arte.
2.      Apossar-se da natureza mítica, simbólica e dionisíaca do cinema.
3.      Projetar esta magia no imaginário de todos que o realizam.
4.      Desabrochar nos corações e mentes o estado absoluto da comunhão da arte com a poesia.

Tais metas, segundo Weyl, são alcançadas através do cinema poético, que resiste de forma independente e se realiza fora do domínio da cultura técnico-comercial e ao leste de Hollywood. Um cinema criado sem economia de esforços e com a coragem absoluta de afrontar o lugar comum das produções cinematográficas financiadas pela indústria cultural global.
“A nossa meta é destruir as estruturas burguesas que danificam as consciências humanas no mundo, acentuando o papel revolucionário e missionário da poesia e o poder que esta arte tem de intervir na vida quotidiana e na criatividade humana”, finalizaWeyl .



SERVIÇO:
8 anos do Cineclube Amazonas Douro
 Segunda-feira, dia 2 demaio, das 19 hs às 20hs.
 No Cemitério da Soledade. Leitura de poemas, conferência relâmpago e procissão de velas.
Informações: 8330-9435 ou 9186-8621.

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