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segunda-feira, 15 de julho de 2013

Artistas e produtores culturais paraenses querem a democratização da cultura

Por Senhorita Matos


Nesta terça o movimento Chega! vai se
  
concentrar no teatro Cuíra às 8 horas


Tudo começou no dia 9 de julho de 2013 com uma “invasão” de artistas e produtores culturais ao palco do teatro Margarida Shivassapa (Centur) depois da apresentação da primeira banda da Mostra Terruá 2013. “Não é uma luta contra o Terruá”, disseram repetidamente os artistas, “é uma luta contra a atual política (ou a falta dela) voltada para a cultura no Pará”.


   Foto: Fábio Farias

Amanhã, 16 de julho, terça-feira, às 8 horas, no teatro Cuíra, o movimento vai cobrar do Poder público paraense políticas “realmente necessárias e pontuais para as diversas linguagens artísticas que atuam no Estado”.  

Estrategicamente o órgão público escolhido onde os manifestantes devem fazer o Chega! não foi divulgado. Muito menos o trajeto da passeata. O que se sabe é que como se trata de um movimento feito por artistas, uma das formas de chamar a atenção da população para a causa será por intervenções e manifestações culturais.


“Nós artistas e produtores culturais paraenses estamos aqui para protestar contra as políticas públicas para a arte e a cultura, que há décadas não nos representa”, disse o ator Alberto Silva Neto para o público que compareceu na Mostra Terruá no primeiro ato do movimento.

Também no dia 9 de julho, durante o primeiro ato, foi distribuída para os presentes a Carta de protesto dos artistas paraenses cujo diz um trecho:

“Vocês não aproveitam plenamente dessas produções, pois as verbas públicas destinadas à arte e a cultura não são, de fato, democratizadas”.

Durante a leitura da carta para os presentes, que se reduziram quase pela metade quando os mais de 30 artistas e produtores culturais subiram no palco, escutavam-se comentários da plateia como: 

“Eles estão certos!”. “É isso mesmo! Lutem para melhorar a cultura neste estado”, “É por isso que estranhei essa lotação”. Além de palmas e vibrações positivas em apoio aos artistas.  

“Chega!!!  Chega de assistir aos órgãos públicos da cultura sendo meros produtores de eventos, desvirtuando suas verdadeiras funções e gastando as exorbitantes verbas públicas, em benefícios de alguns”, dizia a carta.

O documento também convocava outros artistas paraenses e a sociedade civil organizada para uma reunião que foi realizada na quinta-feira, 11 de julho, às 17 horas, no teatro Cuíra. Muitos artistas e produtores culturais compareceram nesta segunda reunião após o primeiro ato na mostra.



    Foto: Divulgação

Desabafos e aplausos. Indignações e indagações. Um consenso: a exoneração do atual secretário estadual de cultura, o arquiteto Paulo Chaves. 

“Ele é um ótimo arquiteto, mas só gosta de ópera. Não temos nada contra a ópera, muito pelo contrário. Achamos bom que sejam feitos esses tipos de eventos aqui no Pará, mas a nossa cultura é plural e também temos grandes tenores, sopranos paraenses... ”, comentou Zê Charone, atriz, produtora e responsável pelo teatro Cuíra – um dos espaços que, segundo ela, está esquecido pelo poder público e só sobrevivi por causa de aprovação em editais nacionais de projetos culturais.

“Tem que ter Terruá pra dança, para o Audiovisual, Terruá para os Pássaros Juninos, Terruá para o teatro, para a literatura...”, desabafou o militante Ronaldo Silva. 

Edmar Souza, coordenador do Coletivo de Artistas da Casa de Cultura do bairro da Terra Firme, também esteve presente no primeiro ato e disse estar cansado do não reconhecimento que a produção cultural das comunidades carentes da Região Metropolitana de Belém. 

“Temos uma produção artística muito forte, mas não temos apoio. A grande mídia não mostra o nosso trabalho e não temos a contrapartida do poder público”, disse Edmar Souza. 

Espaço para apresentações, políticas públicas eficientes e fomentação à cultura paraense é o que pedem os militantes artísticos. 

Aqueles que ainda não sabem, fiquem sabendo que nós, artistas de teatro; dança, cinema, literatura, artes visuais, fotografia, das riquíssimas manifestações de cultura popular paraense, entendemos que não temos uma política púbica que nos atenda nem nas necessidades mais básicas. Por tudo isso, realizamos este ato de protesto, e com ele tornamos público nossa revolta: chega!”,ressaltava a carta.

Leia a Carta de protesto dos artistas paraenses na íntegra aqui.

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