Por APJCC PA
Dia 19 de julho, quinta-feira, às 18h30, no Cine CCBEU, será exibido o filme "Fogo Contra Fogo" de Michael Mann. Comentários de Aerton Martins e Cauby Monteiro(APJCC). A exibição será em blu-ray com projetor de alta-definição.
Ficha-técnica:
País: Estados Unidos
Ano:1995
Duração: 171 minutos
Classificação: 12 anos
Serviço:
Dia 19 de Julho, quinta-feira às 18h30
Cine Teatro do CCBEU
(Travessa Padre Eutíquio, 1309)
ENTRADA FRANCA
Realização: APJCC e CCBEU
Apoio: Cine GEMPAC
Curadoria: Tiago Freitas e Max Andreone
Mais informações:
cineccbeu.blogspot.com
E-mail: cineccbeu@gmail.com
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Leia o artigo de Aerton Martins
A poesia do crime
Michael Mann é um realizador que tem em seu currículo, entre outros, o feito de ter despejado cores em uma das grandes séries americanas dos anos 80, Miami Vice. A falácia interminável, e enfadonha, no meio artístico, à época, 1995, sobre a nova empreitada do diretor, chamada Fogo Contra Fogo, era calcada em apenas uma dimensão: o encontro de dois gigantes nas telas, Robert de Niro e Al Pacino.
Grande parte das quase três horas de duração do espetáculo visual que o diretor oferece é baseado em um confronto da vida real de um detetive de Chicago, Chuck Adamson. Parceiro do cineasta em vários filmes, incluindo Fogo Contra Fogo, Chuck ajudou a tirar da câmera a trama sobre a obsessão de dois indivíduos e suas profissões.
A filmografia de Mann carrega em seu corpo a tatuagem do crime. Suas amizades com alguns detetives da policia da vida real o ajudaram a estabelecer em suas obras a dinâmica viva, palpável, do crime sem enfeites. O que é visto na tela é o resultado de vinte anos de pesquisa. O que interessa a Mann é a natureza humana de criminosos e policiais. Nada mais que indivíduos. E, se o individuo corrompe ou não, é dado a ele o direito de se mostrar.
E, a nós, o de conhecer os seus meios, o planejamento, suas almas e seus sinais. Nada mais justo que, nesse tempo dilatado em uma superfície plana, chamada tela, cinema, o diretor possa expressar seu sentido artístico, sua essência e voz. No caso de Fogo Contra Fogo, transfigurada em uma gritaria que beira o irreal.
Nesta obra, filmada com pulso firme pelo próprio diretor, Mann abraça a obsessão de suas personagens, gosta de operar a câmera, de invadir e olhar sua cria de perto. A suposta realidade dentro da obra perde espaço para o jogo restaurador que ele executa.
Chama dois dos grandes astros de filmes de ação para um confronto: uma batalha de emoções que raras vezes a tela pôde testemunhar. É no terreno dos filmes de gênero que Fogo Contra Fogo pisa, restaurando-o como uma agulha incendiária.
Na obra, a dedicação que os indivíduos possuem com seus trabalhos cheira forte em cada ambiente. Esse sentimento forte, desenfreado, por parte dos heróis - sim, na obra mocinho e bandido são dois lados da mesma moeda - com seus trabalhos, os coloca em um casulo de envelhecimento.
A solidão que rasga do peito de Vincent e Neil, duas almas cambaleantes, é sentida na textura visceral que compõe cada cena. Difícil e raro tratamento na sétima-arte, o objeto filmado deixar escapar profunda comunhão entre os vários artifícios e acessórios que a compõem: plasticidade das imagens, trilha sonora, texto, riqueza dos personagens.
A Los Angeles retratada é o isolamento encurralando as duas feras que buscam se completar na escuridão trágica de suas vidas - vazias, quando separadas de seus ofícios, de suas obstinações. Testemunhar a operação religiosa dos personagens em Fogo Contra Fogo é sair cego de um tiroteio melancólico e poético, onde poucas vezes o cinema soube enfrentar.
Aerton Martins ( APJCC - 2012)
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