Páginas

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Começa amanhã o Curso de Cinema Asiático Contemporâneo: enfim às Índias no SESC

Por Mateus Moura

Se houve vezes na História do Cinema em que os EUA trouxeram a novidade, ou a França, a Itália, o Brasil, a URSS, hoje, sem dúvida, é dos países do Extremo Oriente que surgem os objetos mais notadamente não-identificados. Afora o movimento forte de vanguarda, parece vir de lá, como se não bastasse, o melhor “cinema clássico” assim como o melhor “cinema comercial”.

Tais cinematografias, por se tratarem de obras experimentais e/ou distantes, tem circulação restrita a poucos circuitos alternativos. Devido a essa falta de acesso, acabamos creditando a outros o pódio que outros mereciam ocupar.

O “Curso de Cinema Asiático Contemporâneo: enfim às Índias” propõe uma grande navegação a esse inexplorado continente, tão rico e fascinante. A cartografia deverá ser crítica, os olhos nus, a vontade de exploração criativa. Serão 4 módulos, 2 cineastas perseguidos em cada. Enfim às Índias, sem sair do lugar.


SERVIÇO:
Módulo I-Curso de Cinema Asiático Contemporâneo: Enfim às Índias -
Ministrante: Mateus Moura(APJCC)
22, 23 e 24 de junho (sexta a domingo)
De 18h às 21h
No Sesc Boulevard - Av. Boulevard Castilho França, 522-523 – Campina

INSCRIÇÕES GRATUITAS, que poderão ser feitas no local onde será realizado o curso de 29 de maio a 21 de junho, de terça a domingo no horário de 10h às 19h.

PS: Não será possível efetuar inscrições por telefone, internet e nem no dia que iniciará a atividade, somente no Sesc Boulevard até as 19h do dia 21 de junho.


Mais informações:
sescboulevard@gmail.com
sescboulevard.blogspot.com.br
Twitter: @sescboulevard
Twitter da APJCC
Fone: (91) 3224-5654



Módulo I: O dinossauro e o bebê

Há os artistas que são antigos... parecem que carnalmente tem uma certa idade, mas que espiritualmente vem de muito tempo atrás. Seguem uma veia criativa e original, mas dentro de uma tradição rumam ao caminho do classicismo, que nada mais é que atingir, com o seu timbre, a perfeição de um caminho que muitos já vem percorrendo. 
Hou Hsiao-Hsien, mesmo iniciando sua carreira em 1983, já é considerado um mestre da História do Cinema, com seus planos-sequencia e sua mise-en-scène sofisticada é posto ao lado dos dinossauros da arte cinematográfica.

Há os artistas que trazem coisas novas, tão novas que até nos assustamos muitas vezes, ou não compreendemos. Normalmente configuram a chamada “vanguarda”, aqueles que estão à frente. 
Apichatpong Weerasethakul é a maior revolução cinematográfica dos últimos tempos. Nascido em Taiwan, começa a experimentar a linguagem audiovisual em 93, muito influenciado por cinemas mais experimentais e pelo ciclo da chamada vídeo-arte. 
O cineasta, símbolo contumaz de sua era, gera, através de sua iconoclastia corajosa e sua veia extremamente experimental, um cinema inventivo e profundo, que encanta com suas formas e revela segredos da vida por sussurros. O bebê, a pulsação da novidade, o insurrecto, Joe – como é conhecido no Ocidente – é o último passo dessa História.



A “Ordem Monge Takuan”

O monge Takuan, personagem histórico no Extremo Oriente, foi considerado um dos maiores mestres de todos os tempos. Foi guru do mais famoso de todos os samurais: Myiamoto Musashi.

É clichê, na história e na estória, principalmente oriental, que um caminho espiritual tem em seu percurso uma importante ponte chamada conhecimento. 

É de suma importância que o samurai (assim como qualquer outra casta social) atravesse-a, reconheça na caminhada o que a Humanidade construiu (e que lhe dá suporte) e peregrine então com o timbre dos próprios passos.

Esse momento mais detido de estudo, na época de Takuan e Musashi, se realizava, normalmente, num longo exílio, onde o aprendiz estaria só, com os livros mais importantes dos grandes sábios indianos e japoneses.

Hoje, alguns séculos mais tarde, temos, além do suporte da palavra caligrafada, outras pontes de conhecimento, dentre elas, o Audiovisual.

A justificativa desse “projeto de ordem” parte de:
1) uma lúdica pergunta e 2) uma lúcida posição política:
1) Quais seriam os filmes que o Monge Takuan selecionaria para um aprendiz?
2) É preciso que, na cidade de Belém, se exiba/discuta/cultive o universo que é o cinema oriental!
A “Ordem Monge Takuan” é um estímulo a certa disciplina nesse sentido, e uma sacralização, enquanto ritual nomeado, de uma ação com tais sendas de vivência espiritual abertas.

Idealização: Mateus Moura e Cauby Monteiro (APJCC – 2012)
Texto: Mateus Moura (APJCC – 2012)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...