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Você ainda não conhece a nova comediante paraense?
Ela chama-se Joana Vieira e se apresenta todas as quintas no Clube da Piada.
Acompanhe as entrevistas que fiz com a própria e com o Will Carvalho, membro do Tarja Preta, a pessoa responsável por dar um empurrãozinho na moça para os palcos do stand up comedy.
Serviço:
Clube da Piada apresenta:
Stand up comedy com Joana Viera
Todas as quintas, às 22h.
Local: Travessa Rui Barbosa, próximo da rua Boaventura da Silva, no Reduto.
Informações: (91) 8228-3824
E não perca a postagem de amanhã. Uma matéria exclusiva com a humorista ;)
Entrevista com o humorista do Tarja Preta, Will Carvalho
Senhorita Matos - Foi no Tarja Preta que ela descobriu-se comediante?
Will Carvalho - Bom, O Tarja Preta acho, que foi apenas uma ponte para que ela pudesse adentrar à carreira de humorista, visto que ao ver o talento dela em sala de aula, cheguei com a mesma e a convidei para fazer uma participação em um de nossos espetáculos, convite que mais tarde foi reforçado pelo nosso amigo em comum Igor Monteiro, Também integrante da Cia Tarja Preta.
Senhorita Matos - Fiquei sabendo que foi você quem deu "um empurrãozinho". Isso confere?
Will Carvalho - Sim, sim. Como havia dito, ví seu talento quando ela utilizava coisas do "cotidiano diário do dia a dia" em suas aulas (fato que é extremamente usado por humoristas stand-up). Cheguei com ela e disse que levava jeito pra coisa, que escrevesse um texto autoral e participasse como convidada nossa no palco da cia Tarja Preta.
Senhorita Matos - Como foi que você conheceu o lado humorístico da professora?
Will Carvalho - Foi pelo simples fato de ter sido aluno dela há alguns anos atrás e ser uma das minhas aulas preferidas, justamente pela maneira que ela conduzia a aula, misturando conteúdo e humor.
Senhorita Matos - Você, enquanto humorista, acha que as mulheres ainda são um pouco tímidas para entrar neste mercado ou falta espaço?
Will Carvalho - Para mim, há muitas mulheres que são ótimas comediantes, e que tem muito talento, dentro do meu círculo de amizade tenho exemplos (dos quais a Joana é um deles), porém a questão da timidez pesa muito mais do que a questão de espaço. Temos ótimas humoristas (tal qual a Denise [Felizmunda]) e inclusive nós da Cia Tarja Preta temos essa premissa de tentar alavancar não apenas o humor no Pará, como também aumentar a presença feminina dentro da profissão.
Senhorita Matos - Como foi a recepção por parte do público em relação a humorista Joana Vieira quando ela se apresentou no Tarja Preta?
Will Carvalho - Bom, quando um humorista está iniciando, abrimos espaço nos shows, os quais chamamos de "open Mic", em que o humorista tem de três a cinco minutos para mostrar um pouco do seu trabalho, e dependendo da recepção da platéia, esse tempo pode se estender. Pra você ter uma idéia, o open mic da Joana levou 15 minutos.
Senhorita Matos - Quando, onde e quantas apresentações ela chegou a fazer com vocês?
Will Carvalho - Sinceramente Não recordo a data que houve a apresentação da Joana, só o que sei é que foi precisa apenas uma participação dela conosco para que ganhasse seu próprio espetáculo semanal no clube da piada, nos qual está até hoje. (Acho que ela ao responder poderia dizer com mais clareza a data da apresentação)
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Entrevista com a humorista Joana Viera
Senhorita Matos - Quando começou a sua vida de comediante?
Joana Viera - A feia do humor penso que veio comigo desde o nascimento. Meu pai é uma senhor muito engraçado faz piada de tudo e já ganhou fama em Santa Luzia do Pará que é a cidade onde vivemos a infância toda. Em casa somos 12 filhos, mas desde a adolescência que os meus irmãos diziam que eu era a mais engraçadinha. Depois que comecei a trabalhar com a licenciatura e perdi a timidez, percebi que o bom humor podia me ajudar na didática de sala de aula e passei a usá-lo a meu favor. As pessoas gostam de aprender sem perceber que estudar é algo sacal e chato. Deus certo, mas não era uma profissão era apenas um diferencial. Mais tarde, fui assistir ao show do grupo Tarja Preta para fazer uma matéria para o meu blog, minha página na internet enfatiza muito a arte paraense e eu resolvi escrever um pouco sobre os artistas do humor. Eu já conhecia o Wil Carvalho e o Igor Monteiro e das muitas conversas que tivemos surgiu o convite para uma participação em uma das apresentações que eles têm no Clube da Piada. Topei e fiz 15 minutos. Os comentários foram bons e bastante positivos e, além disso, o Serginho Cunha, que é o dono da casa gostou e me convidou para participar do show dele também. Fiz participações durante dois meses no show do Serginho e depois mais algumas com o grupo Tarja Preta e com o Em Pé na Rede e funcionou. O público gostou, eu ganhei um dia no Clube e já até tenho um show solo e hoje, o humor é a minha segunda pele, minha mais nova profissão.
Senhorita Matos - Quem inspirou (e inspira) você?
Joana Viera - Meu pai, sem dúvida. Sou fã de uma coleção de humoristas, dentre os quais os meninos aqui do estado, mas meu pai é a minha inspiração. Nos shows que faço hoje, inclusive, tem algumas coisinhas que ele nos contava quando criança.
Senhorita Matos - Você recebeu o apoio da família?
Joana Viera - Não sei te dizer ainda, mas minha mãe um dia me ligou e me perguntou: "Você não acha que já faz muita coisa na vida não?" (Risos). Minha família sabe que sou ousada e que tento fazer tudo para que as coisas funcionem da melhor forma possível. Eles sempre me apoiaram em tudo e agora que sou comediante não vão me negar os aplausos - ser comediante é a arte de fazer a felicidade e proporcionar sorrisos, quem há de se negar a alguém a seguir uma carreira dessas?
Senhorita Matos - É difícil para as mulheres ingressarem no ramo humorístico ou ainda estamos muito tímidas?
Joana Viera - Ser mulher já causa um certo estranhamento em todas as profissões. Trabalho em uma escola em onde apenas 15% dos professores são mulheres e algumas áreas até parecem que não combinam com o sexo feminino como as disciplinas de cálculos, por exemplo. Imagina ser comediante? Sou a única comediante que tem agenda com show semanal em Belém e a primeira do stand up comedy do estado. Nos primeiros dias me senti uma estranha no ninho. Fazer comédia com certas coisas gera muitas polêmicas quando se é mulher. Falar de sexo, por exemplo, usar palavrões e outras coisas que às vezes são inevitáveis no show, para uma mulher é muito complicado, além de ter de perder a timidez e vencer o preconceito, é preciso ter muita coragem porque a plateia pode rotular a artista e confundir o trabalho no palco com o pessoal. É desafiador, mas ao mesmo tempo interessante porque você pode ser uma ponte para a quebra de barreiras e tabus. Gosto disso, acho que chegou a nossa hora, entre tantas carreiras que já conquistamos, entre tantos os direitos que já adquirimos por que não subir ao palco e tentar uma vaguinha também por aqui?
Senhorita Matos - Como é a sua apresentação? Você cria um personagem ou faz sátiras dos problemas cotidianos?
Joana Viera - Não sou exatamente uma humorista que conta piadas ou usar de personagens para atrair a atenção do público. O que faço é o stand up comedy e por isso uso situações rotineiras para provocar a sensibilidade humorista do público. Tudo pode ser motivo de uma "piada", das histórias de sala de aula àquelas que vivo no trânsito, no consultório ginecológico, a primeira vez, a ida ao dentista, as situações que vivo com os amigos, a minha filha e a família.
Senhorita Matos - Quais são os seus planos para o seu futuro de comediante?
Joana Viera - Quero ser feliz e poder levar a alegria a quem quer que esteja sentado a minha frente no palco ou na vida. Ser artista é uma tarefa árdua e desafiante, ser humorista muito mais ainda. O que quer o artista? Ser reconhecido no seu trabalho e agora que também faço parte disso, é o que desejo: ser reconhecida como artista do humor paraense. É isso que me orgulha.
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