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quarta-feira, 4 de abril de 2012

A primeira Banda Sinfônica do Pará completa 140 anos de muitas conquistas e lutas

Por Yáskara Cavalcante e Vivianny Matos



Foto: Agência Pará


Se engana quem pensa que a Banda Sinfônica da Escola Estadual Lauro Sodré desempenha apenas a função de participar dos tradicionais desfiles escolares da capital paraense. Fundada em 1857 e oficializada em 30 de março de 1872, a banda escolar que está entre as mais antigas do Brasil acaba de completar 140 anos e enche não só seus integrantes de orgulho, mas gente que passou por ela e que até hoje guarda na memória histórias de um tempo que não volta mais.


Além de formar músicos e representar o Pará pelo Brasil todo e até fora do País, a banda é formada por alunos de escolas públicas do estado pelo Projeto “Educando através da Música”, com a função de estimular a cidadania promovendo a difusão da música e diversas ações culturais. Atualmente são 876 alunos matriculados no projeto.

Como uma verdadeira mãe, a banda está sempre disposta a oferecer oportunidade a crianças e adolescentes em situação de risco social. Sem falar no fato de melhorar o desempenho escolar dos estudantes. 

Para fazer parte do projeto, os alunos não podem ficar em recuperação nem tirar notas menores do que sete na escola."Não adianta só saber música e não ter formação escolar”, diz o músico Silas Borges, que há mais de 28 anos é maestro da banda. 

Criado em 2003 e com mais de 100 membros, distribuídos entre o pavilhão nacional, balizas, mor, músicos e comissão de frente, o projeto é coordenado pela educadora Kelly Elaine Mesquita dos Santos e pelo maestro Silas Borges. 

O projeto tem o objetivo de tornar possível o acesso à música para centenas de crianças e adolescentes da comunidade escolar de Belém e da Região Metropolitana de acordo com os coordenadores.

O  “Educando Através da Música” atende alunos tanto da capital como da Região Metropolitana de Belém. Antes, a banda era exclusiva dos alunos da Escola Lauro Sodré, uma das mais tradicionais do Estado. Depois de alguns anos, ganhou destaque na sociedade paraense e atualmente o colégio abriu espaço para estudantes de outras escolas e para a comunidade e até mesmo pais de adolescentes, que participam de diversas atividades dentro do projeto.

O integrante mais novo da banda é o clarinetista Gustavo José Miranda Ferreira, com 13 anos. Já o mais velho é o tubista Marcos Antônio Tavares, com 39 anos de idade. Quem está mais tempo na banda é o saxofonista (e também arquivista) Élcio Heder de Souza Costa, que é músico há 12 anos na banda.

E foi graças ao projeto que a jovem trompetista Evilyn Trindade Araújo, de 16 anos, estudante da Escola Estadual Orlando Bitar, em Belém, mergulhou na carreira musical. "A partir do momento que a gente começa a participar de um projeto como esse, percebemos a importância da música. É como um professor nosso diz, 'música não é para quem quer, é para quem gosta'. Aqui formamos uma família", conta, orgulhosa, Evilyn.

A adolescente que todos os dias faz uma longa de viagem de Santa Barbara até Belém para participar do “Educando Através da Música”, lamenta as dificuldades que o projeto enfrenta. "Quando saímos daqui do estado para nos apresentarmos pelo Brasil afora, querendo ou não, estamos representando o Pará. Seria bom se a gente não enfrentasse tanta burocracia para conseguir ônibus e, principalmente, alimentação para poder viajar", desabafa.

O integrante mais novo da banda é o clarinetista Gustavo José Miranda Ferreira, com 13 anos. Já o mais velho é o tubista Marcos Antônio Tavares, com 39 anos de idade. Quem está mais tempo na banda é o saxofonista (e também arquivista) Élcio Heder de Souza Costa, que é músico há 12 anos na banda.


Reconhecimento

A Banda Sinfônica da Escola Lauro Sodré já conquistou mais de 50 troféus estaduais e nacionais. Em 2003, foi tombada como patrimônio histórico cultural do estado. Os alunos chegam a se apresentar mais de 100 vezes por ano, no estado e fora dele em concertos, abertura de jogos, festas cívicas e eventos culturais. 

Em 2007, a banda participou pela primeira vez do Campeonato Sul-Americano, na categoria Drum Corpis. 

Entre os diversos títulos conquistados pela banda, os mais recentes são o do pentacampeonato no Concurso Nacional de Banda e Fanfarras na cidade de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, e o de tricampeã na V Copa Enviro Chemie da Cidade de Santa Fé, no Paraná, na categoria Banda Musical de Apresentação Sênior.


Dificuldades 
Embora com uma brilhante trajetória, a Banda Sinfônica da Escola Estadual Lauro Sodré enfrenta algumas dificuldades, segundo os próprios itnegrantes e até mesmo o regente titular, Silas Borges, que há quase três décadas comanda o grupo. "Temos gastos anuais só com a banda de mais de 150 mil. Falta verba para a manutenção dos instrumentos... Ou seja, nossas ferramentas de trabalho. O que precisamos é de mais atenção do Estado", pede o musico.

De acordo com o maestro, uma das maiores dificuldades para levar o projeto "Educando Através da Música" adiante é a falta de recursos financeiros. Diversos instrumentos, em sua maioria em custos altos, precisam ser substituídos. Apoio mesmo só de algumas empresas e até mesmo pequenas doações feitas pelos próprios pais dos membros. Contudo, os recursos não são suficientes.

"Uma das principais dificuldades é a falta de apoio da Seduc na compra do material de consumo e na manutenção do prédio, além do recurso financeiro", afirma Kelly Elaine Mesquita dos Santos, uma das integrantes da banda.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) foi procurada pela reportagem para falar sobre as reclamações dos integrantes da Banda Sinfônica da Escola Estadual Lauro Sodré, mas até o fechamento da matéria não se manifestou. 

Clique aqui e leia a entrevista feita com os coordenadores da banda.


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