Foto: Divulgação
Na próxima terça (20) celebra-se o Dia Internacional do Contador de Histórias. Para comemorar a data o grupo de contadores de histórias Ayvu Rapyta vai realizar, pelo segundo ano, uma roda de histórias e poesias neste domingo (18), de 9h às 12h no Bosque Rodrigues Alves, especificamente nas Ruínas do Castelo. Este ano o evento contará com uma novidade: 300 livros de literatura infantil e juvenil serão distribuídos gratuitamente.
Contadores individuais e em grupos, além de escritores que compõem a programação já confirmaram presença. Griot, Extremo Norte, Alci Santos, Yandra Gallupo, Walcir Monteiro, Heliana Barriga, Rita Melém, Renato Gusmão,Juraci Siqueira e Edvandro Pessoato são alguns deles.
Ayvu Rapyta - termo indígena que significa "alma, ser, som habitado, palavra habitada - nasceu em 2008. O grupo nasceu do desejo coletivo de educadores. Inicialmente vinculados ao projeto Baú das Histórias, do Sistema Municipal de Bibliotecas Escolares (SISMUBE/SEMEC), os integrantes do grupo perceberam que deveriam "trilhar um caminho de forma independente".
Adrine Motley, Ana Lídia, Ana Selma Cunha, Ednei Dias, Eny Souza, Gilvanete Situba, Joana Martins, Maiolina Neves, Paulo Demetrio Pomares, Ronaldo Alex, Sônia Situba e Tatiana Vasconcelos são os membros do Ayvu Rapyta que atuam nas áreas da saúde e educação.
"A nossa intenção é fazer a diferença na vida das pessoas por meio da poesia e das histórias narradas. O desejo é oportunizar a elas (e a nós mesmos) novas formas de pensar, de sentir de olhar o mundo. O ouvinte tem oportunidade de se desligar por um momento dessa vida confusa, violenta, corrida e fragmentada para exercitar o seu direito de sonhar. Além disso, a contação de histórias é um rico instrumento pedagógico já que ajuda na formação de leitores. Esperamos, por meio das histórias e poemas, habitar com magia e encantamento o coração das pessoas", disse Paulo Demetrio.
O grupo contribuí para a cultura literária paraense valorizando a região e trazendo sempre para as rodas de histórias e poesias, contos e personagens que compõem o imaginário amazônico. As histórias recontadas pelo escritor Walcir Monteiro no livro "Visagens e assombrações de Belém", assim como a poesia de Heliana Barriga, Juraci Siqueira, Rui Barata, Jeová de Barros, entre outros, alimentam nosso repertório dos eventos promovidos pelo Ayvu Rapyta.
Além de homenagear os contadores de histórias paraeneses, o objetivo do evento de hoje, segundo Demétrio, é promover um encontro de pessoas que amam a Literatura. "Seja a literatura transmitida de geração em geração pela oralidade, seja a registrada em livros, queremos compartilhar com crianças e jovens de todas as idades a alegria de contar e ouvir histórias e poesias. Como profissionais da educação, intencionamos também dar nossa contribuição para a construção de um País de leitores. Por isso iremos distribuir gratuitamente livros de literatura infantil e juvenil ao longo da programação. Os livros foram doados por integrantes do grupo, pelo escritor Antônio Juraci Siqueira e pela Biblioteca Arthur Viana (CENTUR)", afirma Paulo Demétrio.
É por amor à literatura que os membros do Ayvu Rapyta tem realizado essas e outras ações culturais com recursos próprios. "Esses eventos são coisas de apaixonados, mesmo. Fazemos coleta. Mas Temos contado com a colaboração de muitos amigos.
Temos também neste evento alguns apoiadores institucionais como a Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves; Instituto de Arte do Pará; Biblioteca Comunitária Vagalume Amigos da Leitura; Instituto Amazônia Cultural e Agência Martins.
Quem desejar integrar o grupo ou saber das atividades pode acessao o blog www.palavrahabitada.blogspot.com. Ou entrar em contato pelo e-mail é ayvurapyta@gmail.com
O grupo que tem coordenação coletiva e já passou por algumas reformulações. Eles sempre recebem novos integrantes e continuam abertor àquelas pessoas dispostas a doar um pouco do seu tempo para compartilhar sua emoção com escolas, centros, bibliotecas comunitárias, universidades, hospitais, enfim, "levar histórias a quem precisa", como opina Demétrio.
A paraense Rebeca Raposo foge das estatísticas dos pequenos brasileiros que não gostam ou não são incentivados à ler. Ela, tem apenas seis anos de idade e já está na segunda série do ensino fundamental, foi incentivada a gostar de ler ouvindo as histórias que os pais contavam. Hoje, quem conta as histórias para os pais é a pequena leitora.
"Nós começamos a ler para a Rebeca mesmo antes dela começar a ler. Assim também fizemos com o nosso filho, Ruben Raposo, que tem 18 anos e já está quase se formando em Direito. Ao ler histórias, que sempre mostram o lado do 'bem' e do 'mal', a criança acaba formando o seu caráter", afirma Ruben Raposo. Para Cirlei Raposo, mãe de Rebeca Raposo, a leitura estimula a criatividade e a curiosidade, além de auxiliar nos estudos colegiais.
"Sou contador de histórias desde 1997 quando trabalhei na equipe da Coordenação de Esporte Arte e Laser -CEAL, da Prefeitura Municipal de Belém/Semec e fazia parte de um naipe de contadores de histórias que atuavam nas escolas municipais e seus anexos, num projeto mantido em parceria pela PMB/Unicef", revela Antônio Juraci Siqueira, que diz ser um demiurgo criador de mundos, um inventor de realidades, um semeador de sonhos, um catador de piolhos oníricos, um coçador de emoções, um alimentador de espíritos, um despertador de vivências adormecidas, um encantador de serpentes.
Assim e com muitas outras palavras o escritor paraense que tem o hábito de distribuir versos e poemas pelas praças e em eventos culturais, define o que é ser um contador de histórias. "Em suma, um ser encantado e encantador que faz do ato de contar histórias a própria razão de ser e estar no mundo".
Assim e com muitas outras palavras o escritor paraense que tem o hábito de distribuir versos e poemas pelas praças e em eventos culturais, define o que é ser um contador de histórias. "Em suma, um ser encantado e encantador que faz do ato de contar histórias a própria razão de ser e estar no mundo".
Juraci Siqueira nasceu em uma comunidade ribeirinha onde a prática de contar histórias era a coisa mais natural do mundo. "Logo não foi uma decisão minha mas algo que todo ribeirinho já traz de berço. Tanto é que quem se der ao trabalho de comparar meu primeiro livro publicado em 1981 e outro publicado em 2011, 30 anos depois, irá verificar que o que os dois trazem em comum são os poemas narrativos. Não decidi ser um contador, nasci contador", afirma o escritor.
De acordo com o Juraci contar histórias é uma atividade multidimencional. "Ao contar histórias atingimos todas as dimensões do intelecto e da sensibilidade humana. Contamos histórias para encantar, divertir, valorizar etnias, avivar a História e etc. Somos mais receptivos às atividades orientadas pelo prazer, pelo lúdico do que as que se chega pela obrigação", revela o contador.
Para Juraci não é difícil ser contador de histórias na região amazônica. "Pelo contrário. O amazônida em geral e o paraense, em particular, são frutos de uma região mágica onde o real e o imaginário se confundem de tal maneira que é impossível delinear fronteiras entre eles. Assim, somos um povo que sabe contar e ouvir histórias quer herdadas de nossos avós indígenas, quer africanos ou europeus. Isso sem falar que na Amazônia, como na Grécia antiga, os mitos convivem com os homens interferindo em suas ações, com o boto emprenha as mulheres, a Matinta que barganha tabaco e o vira-porco que põe muita gente pra correr em noite escura", opina.
Geralmente é no espaço escolar que juraci conta as suas histórias, já que ele é professor de filosofia do ensino médio e trabalha no Sistema Estadual de Bibliotecas Escolares, atendendo escolas estaduais, municipais e até particulares como escritor e incentivador de leitura, escrita e oralidade. Ultimamente ele tem atuado também em outros espaços como Susipe e Funcap, atendendo detentos com oficinas, bate-papos e contação de histórias.
Antônio Juraci Siqueira diz se sentir valorizado não só enquanto contador de histórias, mas também como ser humano, como educador, como artista da palavra. "O profissional que não se dá valor, dificilmente será valorizado por terceiros. Só quem ama o que faz atrai para si o reconhecimento e admiração do público", opina o escritor.
Serviço:
Neste domingo o grupo Ayvu Rapyta promove evento cultural para comemorar o Dia Internacional do contador de histórias (celebrado dia 20 de março)
Hora: de 9h às 12h
Local: Bosque Rodrigues Alves (Ruínas do Castelo)
300 livros de literatura infantil e juvenil serão distribuídos gratuitamente.
Informações: (91) 8825-8210; 8238-3688; 8761-4325; 9971-8128.
Att, Senhorita Matos.
Desculpa as postagens tão grandes galera.
ResponderExcluirEssas maiores são as matérias que faço no meu estágio (Redação do jornal O Liberal / Caderno Magazine).
Aceito críticas ;)